Quermesse, festa junina ou São João?
- jahmayconqueiroz
- 25 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 4 dias
Por Jahmaycon

Nunca antes na história deste país se viu tantas festas juninas espalhadas por todas as regiões de São Paulo, da capital ao interior. Durante os meses de junho e julho são dezenas, talvez centenas delas. Mas estas festas têm diferenças monumentais em relação ao São João do nordeste.
A primeira diferença começa no nome, aqui falamos “festa junina”, em alguns casos “julinas” e confesso que já vi até o termo “agostina”, para designar uma festa tipo quermesse ocorrida no mês de agosto. Nisso já temos três denominações que designam três coisas diferentes: festa de São João, festa junina e quermesse.
A quermesse normalmente é uma festa realizada por uma comunidade com intuito de reunir seus membros e vizinhança com o intuito de angariar fundos para manutenção do grupo. Na minha infância, em São Roque, tínhamos as quermesses das igrejas, normalmente realizadas entre maio e agosto. Lembro também da quermesse do Bairro, que acontecia na rua de minha casa. Infelizmente ela acabou com a morte do Senhor Airton, o líder comunitário. Era uma festa para as crianças, com tudo gratuito: comidas, brinquedos, gincanas, além de apresentações no palco. Era extraordinário o que ele conseguia fazer com tão pouco.
A festa junina, nome mais utilizado atualmente pelos paulistas, leva esse nome devido ao mês em que são realizadas (existem alguns locais usando o termo “festa nordestina”, creio que seja uma nova tendência, especialmente para não gerar o estranhamente de chamar de festa junina um evento que não acontece em junho.) As festas juninas paulistas, ou festas nordestinas, não tem muita coisa do nordeste, exceto em alguns casos as músicas e algumas comidas. A última em que estive tinha entre as opções do cardápio: hambúrguer, pastel, cachorro quente, lanches de diversos sabores entre outras coisas que você jamais irá encontrar numa festa de São João no nordeste.
Já o São João é a base de tudo, os outros dois não existiriam sem ele. São as festas do nordeste, das disputas de quadrilhas e das fogueiras. Lá o santo ainda é a base do evento, mas é importante destacar que a maioria está lá mesmo é pela comida, pela bebida e pela música, ou seja, querem é diversão.
Me lembro dos meus tempos de criança, quando eu esperava pelo entardecer para acendermos a fogueira e soltar foguete, inclusive, a gente nem usava o termo são joão, mas sim fogueira, que acontecia mesmo era no dia 23 (o São João era o dia seguinte, o feriado). A gente fazia a fogueira dias antes, em cada casa por onde se passava havia uma pronta para ser acesa ao pôr do sol.
Os adultos faziam em homenagem ao santo, as crianças faziam porque era bonito. Eram os biscoitos de polvilho e os bolos doces feitos no forno a lenha um ou dois dias antes. Eram os fogos de artifício iluminando os céus, (lá não havia balão, nunca vi). Eram as fogueiras queimando e soltando fagulhas. Era a peregrinação de casa em casa em busca de bolos doces e biscoitos. No fim da noite, era o baile na casa de alguém, baile para os adultos, as crianças iam mesmo era para brincar de pega pega ou esconde esconde.
Os tempos mudam, a modernidade altera as festas, mas a tradição permanece. Hoje, em todos os lugares do país, para todas as religiões há festas com muita comida durante os meses de inverno. E isso é bom.
Chamar por outro nome, que não faz referência ao santo, e a nenhuma denominação religiosa específica, contribui para que evangélicos e outras religiões também possam comer, beber e dançar sem culpa de estarem desagradando a seus deuses. Então não importa o nome, o importante é ter festa e elas aumentam em quantidade a cada dia, reduzindo a necessidade de deslocamento dos amantes de um bom quentão e um milho cozido.
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