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O medo que paralisa

  • Foto do escritor: jahmayconqueiroz
    jahmayconqueiroz
  • 15 de jan.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jun.

Por Jahmaycon


Certa vez no ápice de uma discussão em que eu tentava convencer uma equipe gestora de uma escola a autorizar a execução de uma atividade usei a palavra certa, a palavra matadora, que fez com que todas as minhas interlocutores pedissem a palavra para tentar, antes de reconhecer por dentro (por fora negaram até o fim), que eu estava certo. A palavra em questão está no título desta crônica: medo.

Para muitas pessoas em funções decisivas, seja qual for a área profissional de atuação, esse medo pode ser determinante para o fracasso do trabalho. Mas quando se trata de formar pessoas, é ainda mais decisivo. Numa indústria, se um não arrisca, outro arrisca e no fim das contas sempre surgem inovações. Mas na educação é diferente. Quando os profissionais deixam de propor atividade por causa desse medo que paralisa, não haverá outra pessoa para executar. Passou, perdeu-se a chance e a formação desses estudantes vai ficando cada vez mais prejudicada.

Algumas pessoas, talvez sem a percepção disso, deixam de fazer muita coisa por medo das consequências. Não querem assumir responsabilidades, temem o resultado adverso e fogem como diabo da cruz das explicações e correção de rota. Elas pensam implicitamente que se não fizerem nada, não terão problemas. Nada que se explicar. Nada que refazer.

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O que fazer então para superar isso diante de um mundo que gosta tanto de condenar e pouco de ajudar e compreender? É comum vermos as professoras da creche não levarem as crianças ao parquinho porque se uma cai e rala o joelho a mãe vem bufando brigar com ela. Se tem uma excursão, e não podem todos, aparecem alguns pais esbravejando que seus filhos não foram porque são perseguidos e injustiçados. Então, para evitar dar explicações muitos preferem não fazer nada.

Mas e os alunos, como ficam? decepcionados e desanimados com a inércia da escola. Ouço sempre a frase “nessa escola não acontece nada”. Não tem festa porque teme-se que haja dança erótica, que haja beijo de língua, que haja briga, que haja… na verdade, tudo que eles querem e precisam é comer guloseimas com os colegas e jogar conversa fora no último dia do ano. Ou irem fantasiados para fazerem um desfile no dia das bruxas, andarem pela escola orgulhosos de si e voltarem para casa felizes. Raramente algo acontece, mas basta uma ocorrência leve, para condenar todos que ousarem permitir a festinha.

E assim o medo toma conta, paralisa as pessoas e os coitados vivem única e exclusivamente a rotina da qual não se pode fugir: entrada, sala, intervalo, sala, saída. E mesmo nestes momentos não podem correr, não podem falar alto, não podem, não podem, não podem… simplesmente porque os que deveriam permitir, supervisionar e zelar, não conseguem dar as devidas explicações quando necessário, pois como disse o educador Jorge Larrosa Bondía: toda experiência é aprendizagem. Bastaria dizer os motivos da atividade e vida que segue, mas infelizmente para a maioria, preferem é nunca ter que justificar nada que não seja entrada, sala, intervalo, sala, saída. 

14 comentários

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Sophya noemi morais
10 de jun.
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O povo tenta se esconder da verdade e do medo, quando ficamos presos num só ambiente nos sentimos vazios, as vezes os alunos só querem um ambiente diferente, pessoas novas e lugares novos, as vezes mudamos por conta de ficarmos muito presos.

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Convidado:
10 de jun.

Texto de extrema importância.As vezes nós não vivemos nossa vida da melhor maneira por medo das consequências que aquilo pode trazer, ou não mudamos o nosso visual por medo de ser julgado e aí que entra o medo que paralisa ficamos paralisados em nossas rotinas ou em outras coisas que você deseja mudar.

Julia Matias 9 azul

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Lucas Bastos
10 de jun.
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eu concordo muito com essa crônica, ter medo é completamente normal, todo mundo já teve medo de algo, eu por exemplo, já tive medo de fazer algo por medo de estar errado e ser julgado, mas esse medo que nos absorve é normal para todo mundo.

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Heber Henrique
09 de jun.
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Eu acho q oque foi dito nesse texto esta completamente correto, as pessoas morrem de medo dos resultados, do que pode acontecer, e mesmo assim essas pessoas não ligam pros outros, só ligam pra reputação deles, que por causa da censura e da manipulação que ocorre com os alunos, é sempre mantida no saldo positivo.

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DeDe
02 de jun.
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Muito bom!

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